Este livro é mais um grito de resistência. Mas, resistir aqui, não tem o peso semântico da suportabilidade. Na realidade em que os nossos corpos femininos estão inseridos, mulheres são ensinadas a aguentarem até o fim. No entanto, não temos o tempo no fim. O fim é o exílio do tempo de quem não teve tempo de escolher-se. A nossa história escrita em folhas de papéis antigos, canonizam verdades sobre o que seria ser mulher. Ela é lida e relida constantemente para que não nos esqueçamos do que precisamos ser. Mas, por medo de danificarem os papéis antigos é preciso proteger esse material tão valioso para a cultura patriarcal, e, por isso são utilizados novos instrumentos para nos ler. Hoje, a história do que devemos ser é escrita por quem não é como nós e é lida pelas plataformas digitais de comunicação sob a ordem do discurso midiático. O mundo digital digitou o conteúdo dos papéis antigos que contam a história do que somos e do que temos que continuar a ser. Mas este livro não pretende mapear essas vozes que leem essa história das mulheres escritas nas folhas amareladas pelo tempo, insistindo que essa história se repita nos novos corpos de mulher. Estou e devemos estar mais interessadas em virar a página do grande livro do machismo e de suas novas formas de leitura e divulgação da sua mensagem.